25/09/2014

20 confissões proustianas de Paulo M. Morais

O meu maior medo:
Não ter medo da morte.

A característica que mais me desagrada em mim:
Ser demasiado transparente no que penso e no que sinto.

A característica que mais me desagrada nos outros:
Falta de carácter e segregação com base na cor da pele, orientação sexual ou estatuto social.

A pessoa viva que mais admiro:
A minha avó materna: 99 anos de uma vida marcada por infindáveis desgostos. E, no meio da amargura, ainda sabe rir.

A minha maior extravagância:
Gostos simples dão muito jeito em tempos de crise económica.

As ocasiões em que minto:
Guardo da minha mãe o conceito de “mentira branca” (uma mentira inocente, para evitar males maiores); mas não sei aplicá-lo.

O que mais me desagrada no meu aspecto:
Ainda estou para perceber como é que me habituei a gostar de não ter cabelo.

As palavras ou frases que uso em demasia:
Pois...

Quem ou o quê é o grande amor da minha vida:
Há vários tipos de amor. O amor por uma mãe (ou avó) é insubstituível. O amor por uma filha é incomparável. O amor por um amigo é inquebrantável. O amor por uma mulher é insuperável (...enquanto dura). O amor por uma utopia é interminável.

Quando e onde fui mais feliz:
Apesar de alguns “contratempos”, estou satisfeito com a última década. Espero que a seguinte seja, pelo menos, semelhante. Mas há espaço para melhorias em certas áreas...
O pôr de sol da Costa da Caparica

O talento que mais gostaria de ter:
Tocar um instrumento musical; acho sempre que já não vou a tempo e, por isso, nunca começo a aprender.

O que considero o meu maior feito:
Superar traumas e bloqueios para aceitar o desafio de ter um filho (e felizmente saiu-me uma filha...), e tentar diariamente ser um pai de passado, presente e futuro.

Onde gostaria mais de viver:
Passei muitas férias e fins de semana num apartamento dos meus avós paternos, na Costa da Caparica, de onde se via o areal, o mar, o farol do Bugio e os barcos no horizonte. A casa vendeu-se. Ficaram as saudades daquele pôr-do-sol e o sonho de um dia escrever frente a uma janela com vista para o mar.

O meu bem mais precioso:
A memória. Para relembrar os que já morreram e para criar e sustentar as personagens que ainda hão de nascer.

O que é para mim atingir o fundo:
Depende da geografia. Em Portugal pode ser uma pessoa ser considerada supérflua ou excedentária, ficar sem trabalho e, de repente, à falta de apoio, tornar-se num sem-abrigo. Mas se pensarmos na Índia, milhões de seres humanos lutam diariamente pela sobrevivência, numa miséria absoluta. Tirarem-nos a dignidade, seja onde for, é lançarem-nos para o fundo do poço.

A minha ocupação preferida:
Literatura e cinema. O futebol voltou a ter importância, ao recuperar o velho hábito de ir assistir aos jogos dos miúdos do clube local.

Os meus nomes preferidos:
Maria. Parece banal, muito por culpa dos ditos populares ou dos nomes apensos. Porém, isolado, tem uma força que talvez nenhum outro tenha.

O que mais me desagrada:
A incapacidade crónica do ser humano em alcançar consensos alargados que evitassem um mundo tão desnivelado em tantas matérias. Desagrada-me, por exemplo, que uns falem de milhões enquanto outros esgravatam tostões.

Um arrependimento:
Não ter tido coragens e confianças mais cedo na vida. Mas tudo faz parte de um percurso.

O meu lema:
Acredita no sonho. Depois trabalha, com afinco e humildade, para o concretizar. [Para ser transparente: este não é um lema pré-estabelecido. Contudo, isso não o torna falso. Saiu-me assim, agora, a expressar a vontade que me acompanha há vários anos]

Sem comentários:

Enviar um comentário