28/10/2014

O puzzle açoriano

[Carla M. Soares e a leitura de «Capítulo 41»]

«John Mello e o sargento Gomes pasmavam perante dois quebra-cabeças intrigantes: um deles trazido em mão por Eusébio Freitas, que já estava trancado na sala de interrogatório, e o outro que aparecera dentro do saco que supostamente continha o milhão de euros, trocado pelos míseros folhetos com um poema em relevo.

O COROAMENTO DE GONÇALO PURIFICAI
ELE, CUJO ARCAICO ALVITRARA NA LINHAGEM
NO CABRALINO FILAMENTO PERFILHAI
E BEBEI NO SAL ARCANO COM CORAGEM

- Isto dá-me cabo dos cornos! – refilou Gomes – Só me faltava juntar poetas à minha lista de suspeitos. Espera aí… mas qual lista? Não tenho suspeitos. Não tenho absolutamente nada!» 
in Capítulo 41 - A Redescoberta da Atlântida 


Tens um puzzle à tua frente, coisa de muitas peças, mas não tens o desenho final para te guiar quando, aos poucos, as vais juntando, uma a uma. No início da construção, limitas-te a seguir as peças, construir as margens, juntar as partes que de alguma forma se assemelham, na expectativa de mais adiante se fazer luz. A  meio já te atreves a dar um palpite ou outro, sabendo que o fim da construção ainda pode surpreender-te.  Entretanto, vais-te divertindo com as imagens que formas, vais admirando umas, ficas intrigado com outras – mas afinal onde é que isto vai encaixar?

É assim o livro açoriano do açoriano Almeida Maia. Capítulos curtos, ritmo veloz, umas tantas personagens a avançar em muitas frentes com História e lendas, mensagens misteriosas, sudokus, segredos, descobertas e Descobrimentos, elementos que, como num puzzle, têm que ser encaixados uns nos outros. Terroristas, assassinos e polícias, historiadores, mulheres sedutoras, personagens dúbias e as ilhas em fundo… e no meio e ao lado, todo este livro transpira Açores – e são lindos!

Vamos lendo, intrigados com o lugar de cada pequeníssimo capitulo no quadro final. A meia leitura já vislumbramos a ideia, mas continuamos intrigados, porque parece que nos sobram mais peças do que as que tínhamos no início. Persistimos, e eis que a veloz ritmo encaixamos aquela última parte e ela surge, a resposta. E é uma resposta Açoriana… 

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